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18/07/2019 as 09h10 / Por (Karina Toledo, Agência FAPESP)

Café em excesso aumenta a chance de pressão alta em pessoas predispostas

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  • - Pesquisadores da USP observaram a associação apenas em indivíduos que consumiam mais de três xícaras da bebida por dia. Consumo moderado, por outro lado, parece ter efeito benéfico sobre o sistema car
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O hábito de consumir mais de três xícaras de café por dia aumenta em até quatro vezes a chance de indivíduos geneticamente predispostos apresentarem níveis elevados de pressão arterial. A conclusão é de um estudo feito na Universidade de São Paulo (USP) e divulgado na revista Clinical Nutrition.

O estudo, apoiado pela FAPESP, baseou-se em dados de 533 pessoas entrevistadas no Inquérito de Saúde do Município de São Paulo, estudo de base populacional que abrange a área urbana da capital e avalia as condições de saúde dos moradores. Não foi observada associação significativa entre a bebida e os níveis de pressão arterial no caso de pessoas que consumiam até três xícaras ao dia.

"Esses achados destacam a importância de moderar o consumo de café para a prevenção da pressão alta, particularmente em indivíduos geneticamente predispostos", disse Andreia Machado Miranda, pós-doutoranda no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP) e primeira autora do artigo, à Agência FAPESP.

Em um trabalho anterior Miranda havia observado que o consumo moderado de café (de uma a três xícaras diárias) tem efeito benéfico sobre alguns fatores de risco cardiovascular – particularmente a pressão arterial e os níveis sanguíneos de homocisteína, aminoácido relacionado com o surgimento de alterações nos vasos sanguíneos, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Nessa primeira análise, não foram incluídos os dados genéticos.

"Decidimos, no estudo mais recente, investigar se em indivíduos que apresentam fatores genéticos que predispõem à hipertensão o consumo de café teria influência nos níveis de pressão arterial", disse Miranda.

O consumo de café foi dividido em três categorias: menos de uma xícara ao dia; de uma a três; e mais de três xícaras diárias.

As análises estatísticas mostraram que, à medida que aumentava o escore de risco e a quantidade de café consumida, crescia também a chance de o indivíduo apresentar pressão alta. Nos voluntários com pontuação mais elevada e consumo diário superior a três xícaras, a chance de pressão alta foi quatro vezes maior que a de pessoas sem predisposição genética.

"Como a maior parte da população não tem ideia se é ou não predisposta a desenvolver hipertensão – para isso seria necessário sequenciar e analisar o genoma –, o ideal é que todos façam um consumo moderado de café que, ao que tudo indica, é benéfico à saúde do coração", disse Miranda.

Segundo a pesquisadora, estudos recentes mostraram que consumir moderadamente a bebida pode ajudar a prevenir a calcificação da artéria coronária. O efeito benéfico é atribuído aos polifenóis, compostos bioativos encontrados em abundância no café. Já a ação sobre a pressão arterial, segundo Miranda, está relacionada à cafeína.

De acordo com as diretrizes mais recentes da American Heart Association, em indivíduos saudáveis o consumo moderado de café não aumenta o risco de doenças cardíacas e não está associado a prejuízos à saúde no longo prazo.

Desdobramentos
A pesquisa de doutorado de Miranda foi orientada pela professora da FSP-USP Dirce Marchioni. Agora, no pós-doutorado, também com apoio da FAPESP, o objetivo é avaliar o efeito do consumo de café em pacientes portadores de doença cardiovascular – particularmente a síndrome coronariana aguda, causada por obstrução na artéria coronária, que irriga o coração.

O grupo pretende analisar, durante quatro anos, os dados de acompanhamento de 1.085 pacientes que sofreram infarto agudo do miocárdio ou angina instável, foram atendidos no Hospital Universitário da USP e integram a coorte do estudo longitudinal Estratégia de Registro de Insuficiência Coronariana (Erico).

"A ideia é avaliar, ao longo dos anos, a influência do consumo de café na sobrevida desses pacientes", disse Miranda.

Na avaliação de Marchioni, a pesquisa iniciada durante o doutorado de Miranda trouxe resultados relevantes. "O café se mostrou um importante contribuinte para a ingestão de polifenóis na população estudada e este composto bioativo tem sido associado a diversos benefícios à saúde. Ao investigarmos o consumo de café e sua associação com algumas condições de saúde, identificamos que o consumo moderado pode ser benéfico e, portanto, pode compor a dieta habitual, sempre evitando o exagero", disse.

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