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14/01/2022 as 10h45 / Por (Correio do Estado)

Epidemia de influenza supera número de mortes por Covid-19 em MS

Desde o dia 21 de dezembro, Mato Grosso do Sul registrou 18 óbitos em decorrência do vírus H3N2<br />

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A variante Darwin do vírus H3N2 tem feito os casos de gripe dispararem em Mato Grosso do Sul. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam que desde a primeira morte por influenza no Estado, em 21 de dezembro de 2021, 18 sul-mato-grossenses já perderam a vida para a doença até esta quinta-feira. 

Em Corumbá, oito mortes foram registradas em decorrência da H3N2 entre o dia 28 de dezembro e 11 de janeiro. 

Nesta primeira e segunda semana do ano, a influenza já deixou mais vítimas na cidade que a Covid-19. Enquanto o novo coronavírus vitimou duas pessoas, a H3N2 deixou sete famílias de luto.

As mortes por influenza em Corumbá atingiram mais mulheres, com idades entre 49 e 76 anos. Entre os homens, a doença levou à morte pacientes com idades entre 50 e 83 anos. 

O óbito mais recente ocorreu nesta terça-feira, e foi de um homem de 50 anos, que sofria de diabetes. Todas as pessoas tinham algum tipo de comorbidade, o que agravou o quadro de saúde delas.

O primeiro registo grave de H3N2 no município foi antes do Natal, em 20 de dezembro. Uma mulher de 76 anos contraiu a doença e foi internada no centro de terapia intensiva (CTI) da Santa Casa de Corumbá. 

Ela acabou falecendo no dia 28 de dezembro e foi a primeira morte após complicações do subtipo da influenza. Ela sofria de desnutrição.

Depois desse diagnóstico, houve uma sucessão de pessoas que acabaram parando no CTI do hospital precisando de intubação. 

A influenza na capital do Pantanal vitimou cinco mulheres, e entre os homens foram três. Todos tinham alguma comorbidade.  

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não é feito o exame para influenza para todas as pessoas que procuram atendimento na UPA ou no Pronto-socorro municipal. Na rede particular, o diagnóstico e cada exame custa em torno de R$ 170 na cidade.

No Estado, o protocolo da SES é de que os municípios devem fazer o exame de influenza somente nas pessoas que tiveram casos graves e estiverem internadas. Esse diagnóstico é para, inclusive, separar se o paciente está com Covid-19 ou gripe.

O secretário municipal de saúde de Corumbá, Rogério Leite, explicou que a vacinação contra a Covid-19 indica que a doença não está se manifestando de forma grave para as pessoas que estão imunizadas. 

Ele indicou que a maioria dos pacientes que apresentou a forma grave da influenza não tinha a vacina contra a doença ministrada.

“Estamos analisando para chegar a uma conclusão certa sobre o motivo [de a influenza estar manifestando-se mais grave que a Covid-19]. Certamente, a vacina contra a Covid-19 está protegendo e evitando os agravos. E muitas pessoas que tiveram a pneumonia viral, decorrente da influenza, não estavam vacinadas para a doença. Assim também, como eles não tinham um controle regular das comorbidades que apresentavam”, detalhou o secretário.

Só em Corumbá, a vacina contra a influenza foi aplicada em 40 mil pessoas. Ainda há doses disponíveis em unidades de saúde do município para aumentar esse grupo de vacinados. 

“É importante que as pessoas acreditem na vacina e acreditem que ela vai proteger contra casos graves. Ela não vai impedir de a pessoa ter a doença, mas vai proteger”, acrescentou Rogério.

Patrícia Decenzo, 47 anos, já tomou três doses contra o coronavírus. Há pouco mais de 12 dias, levou o filho Pedro Henrique, de 24 anos, para consultar porque ele estava com sinais gripais. 

A orientação era fazer exame para influenza, mas como teria de pagar pelo diagnóstico foi primeiro no teste Covid-19, disponível gratuitamente.

“A gente achava que era gripe, mas ele pegou Covid-19. Foi leve, porém, apenas dor de cabeça e dor no corpo por três dias. Eu também peguei, fiz o teste, mas fiquei assintomática. Quando se toma a vacina, ficamos protegidos e a forma mais leve é a que pode acontecer. As pessoas parecem que não entendem que é preciso ir se vacinar. Temos de lutar contra essa ignorância. A gente tem de vacinar em tudo que for possível”, defendeu a servidora municipal.  

ESTADO
Em Campo Grande, quatro pessoas já morreram por complicações da H3N2 desde 21 de dezembro. 

Em relação ao coronavírus, a doença já vitimou quatro campo-grandenses no mesmo período. No restante do Estado, Dourados já contabiliza duas mortes por Influenza, Fátima do Sul (1), Miranda (1), Nioaque (1) e Ponta Porã (1).  

A taxa de letalidade da influenza encontra-se em 8,3% em Mato Grosso do Sul, enquanto a de Covid-19 está em 2,5%. No entanto, é importante salientar que o porcentual é calculado de acordo com o número absoluto de casos notificados. 

Por ora, MS possui 389.880 casos confirmados de coronavírus desde o início da pandemia em março de 2020, sendo 1.603 apenas em dezembro de 2021. Em relação à gripe, 216 casos de H3N2 foram confirmados em MS desde o mês passado.

Conforme último balanço do serviço de imunização fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), 203.613 pessoas foram vacinadas contra a gripe em Campo Grande. A cobertura vacinal geral no município está em 81,41%. 

Em MS, a Campanha de Multivacinação de 2021 obteve cobertura de 92,2% apenas no grupo das crianças, mesmo com a liberação da imunização para a população em geral após a sobra de doses.

EFICÁCIA
Especialistas apontam que a efetividade da vacina contra a Covid-19 tem resultado em menos mortes pela doença, ao passo que a falta de vacinação por gripe tem impactado em mais óbitos. 

Segundo o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, em entrevista publicada pelo Correio do Estado no dia 8 de janeiro, sempre quem estiver vacinado terá maior proteção para eventuais internações e evoluções para casos graves das duas doenças.

“É o mesmo conceito, aqueles que estão vacinados com as duas doses para a Covid-19, mesmo com a presença da Ômicron, terão menos risco de internação e morte. O que é importante ressaltar é que a vacina da influenza tem uma cepa H3N2, que é variante Hong Kong que de alguma forma pode proteger por meio de reação cruzada para hospitalização e óbito”, ressaltou Croda.

Apesar de ainda gerar muitas dúvidas na população, o infectologista salienta que os cuidados de biossegurança, como o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social devem permanecer na rotina de quem também já foi vacinado contra a Covid-19. 

“As pessoas que já receberam pelo menos duas doses da vacina contra a Covid-19 apresentam uma resposta imune ao vírus, e com a dose de reforço essa proteção aumenta. No entanto, a pessoa pode pegar a doença, inclusive a variante Delta, mas não desenvolver quadros graves e severos com hospitalização e óbito”, reiterou.  

VACINAS
As primeiras doses da Pfizer contra a Covid-19 destinadas à população de 5 a 11 anos chegam ao Estado nesta sexta-feira. De acordo com a SES, serão entregues 18.300 doses pediátricas, sendo 7.268 destinadas às crianças indígenas. 

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