Água Clara/MS . 16 de Abril de 2024

Entrevistas

13/08/2021 as 09h53 / Por (G1)

Vacina tem risco mínimo de não proteger mesmo com duas doses; especialistas explicam

O objetivo principal das vacinas é evitar casos graves da doença, mas contágio pode ocorrer; entenda mais sobre duas doses<br />

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O ator Tarcísio Meira morreu na manhã desta quinta-feira (12), vítima da Covid-19, aos 85 anos, em São Paulo. Ele estava internado no hospital Albert Einstein, na Zona Sul da cidade, em tratamento contra a doença e havia tomado as duas doses da vacina. Diante desse fato, muitas pessoas ficaram em dúvida: é possível morrer de Covid ou se contaminar com o vírus mesmo após ter completado o esquema vacinal?

Segundo os estudos conduzidos com cada uma das vacinas em uso contra a Covid-19, sim, uma vez que os imunizantes diminuem, mas não zeram, a chance de casos graves e de morte pela doença. É por isso que, além de se vacinar, você deve manter as outras medidas de proteção contra a doença.

"Uma boa vacina é como se fosse um bom goleiro. E como sabemos que o goleiro é bom? Vamos olhar o histórico dele. A frequência com a qual ele faz defesas. Se ele defende com frequência, ele é um bom goleiro. Isso não quer dizer que ele é invicto, que ele nunca vai deixar de tomar gol. Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro. Precisamos olhar o histórico dele", explica a a microbiologista Natalia Pasternak.

Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que os números da queda de mortes estão entre os dados que já mostram a efetividade da vacina em grupos (sobretudo idosos) que estão totalmente imunizados. Apesar disso, eles alertam que a pandemia não está controlada e que a chegada da variante delta ainda é um risco para aqueles que não tomaram as duas doses da vacina.

"A vacinação com duas doses dos idosos (é a explicação para a queda). A cobertura já está bem elevada nesta faixa, acima dos 60%. Acima dos 70, 80 e 90 ainda é maior. No número de casos, o impacto só vai ser maior com o avanço da vacinação", afirma Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz.

1. Posso ter Covid mesmo após as duas doses da vacina?

Sim, pode. O objetivo principal das vacinas, neste momento, é evitar formas graves da Covid-19 – e não necessariamente o contágio pela doença (ainda que algumas vacinas já tenham se mostrado capazes de evitar também a transmissão e a infecção).

Nas pesquisas, as vacinas são testadas para sua capacidade de evitar contágio, casos sintomáticos, moderados e graves – que precisam de internação – e morte pela Covid.

Apresentador da BBC: 'Errei ao me achar invencível com duas doses de vacina'
Até agora, todas as vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil – CoronaVac, AstraZeneca/Oxford, Pfizer e Johnson – foram capazes de evitar internações e mortes pela doença.

2. Já que a vacina não necessariamente evita o contágio, eu devo me vacinar?

Sim. Mesmo que você se infecte, a chance de desenvolver um caso grave ou até morrer pela Covid-19 diminui após a imunização.

3. Conheço pessoas que tomaram as duas doses e morreram ou tiveram quadro grave. A vacina funciona?

Sim, as vacinas funcionam. A questão é que elas diminuem, mas não zeram, a chance de casos graves e de morte pela Covid. É por isso que, além de se vacinar, você deve manter as outras medidas de proteção contra a doença (veja pergunta 7).

Cada medida de prevenção que você adota – como se vacinar, usar máscaras, evitar aglomerações e lugares fechados – é uma "camada extra" de proteção. Por isso é necessário combiná-las.

Veja as taxas de eficácia contra casos graves alcançadas durante os testes em cada vacina usada no Brasil até o momento:

Johnson: 85% eficaz
Coronavac: entre 83,7% e 100% eficaz
Pfizer: 92% eficaz
AstraZeneca: 100% eficaz.

4. Preciso tomar as duas doses da vacina?

Se ela for aplicada em duas doses, sim, pois a taxa mais alta de imunização somente é alcançada após a segunda dose.

Das quatro vacinas aplicadas no Brasil, apenas a da Johnson/Janssen alcança a sua taxa máxima de eficácia em apenas uma dose.

5. A vacina que só tem uma dose 'protege menos' que as de duas doses?

Não. A decisão sobre dosagem e esquema vacinal (espaço entre as doses) é uma decisão do desenvolvedor da vacina ou de autoridades de saúde pública – e não tem a ver com uma vacina "proteger mais" ou "menos" do que outras.

Todas as vacinas reduzem o risco de você ter um caso grave ou morrer pela Covid-19.

6. Devo escolher qual vacina tomar?

Especialistas são unânimes ao dizer que não, já que é muito melhor tomar qualquer vacina disponível do que ficar vulnerável à Covid-19. E, ao se vacinar, você ajuda a aumentar a cobertura vacinal, que é o mais importante neste momento.

7. Preciso continuar usando máscara e evitando aglomerações mesmo depois da vacina?

Sim. Isso porque, quanto mais medidas de proteção você combina, mais protegido estará – e mais estará protegendo as pessoas ao seu redor que ainda não puderam se vacinar.

"Mesmo ao ar livre, de máscara, se tiver 100 pessoas, o risco vai ser maior do que se tiver duas pessoas. Não adianta 'estou ao ar livre, não preciso de máscara'. Precisa. 'Eu estou ao ar livre, não preciso ficar à distância'. Precisa. 'Ah, eu estou de máscara, não preciso manter a distância'. Precisa", explica Lucia Pellanda, cardiopediatra e professora de epidemiologia na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

"Quando a gente faz todas as coisas, vai diminuindo bastante o risco. As pessoas têm ideia de que é tudo ou nada. O risco é contínuo", reforça Pellanda.

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